domingo, 18 de setembro de 2011

MINA DO BONITO ( O TEMPO PAROU ).

O tempo parou. Tudo ficou preto e branco de repente como numa fotografia antiga pendurada num restaurante de beira de estrada. Onde se via quase 450 homens trabalhando, mal se avista 20. A Mhag, empresa que explora a mina do Bonito, em Jucurutu, começou a reduzir a produção em 2007 até  cessar. Não sai um grama de ferro da jazida há mais de três anos. A imagem, registrada na última quarta-feira pela equipe de reportagem, destoa da publicada em agosto na revista Exame. A publicação mostrava uma mina em plena atividade. E em cores. 

Emanuel AmaralPio Sacchi - diretor-presidente da MhagPio Sacchi - diretor-presidente da Mhag

Entre 2005 e 2006, centenas de homens instalaram-se em Jucurutu, seguindo o rastro da mineração. A maioria era especialista na área e vinha de longe. Quem trabalhou na mina estima que 40% dos funcionários eram de fora. De uma hora para outra, o município ganhou hotéis, pousadas, lojas e restaurantes. As ruas, antes povoadas por motociclistas sem capacete, começaram a sentir o peso das 40 carretas carregadas de ferro que partiam de Jucurutu em direção ao Ceará, de onde o ferro seguia em vagões para o porto de Suape, em Pernambuco. 

"Sem a mina, a cidade estagnou", diz Fábia Verônica Pereira de Medeiros, 31, que abriu dois restaurantes em função da produção de ferro - um deles dentro da área explorada pela Mhag. Os restaurantes hoje ficam desertos mesmo em horários de 'pico' como café da manhã e almoço. Sem uma indústria forte, Jucurutu espera que o motor de sua economia seja religado o mais rápido possível. "Um lugar onde não tem emprego não corre dinheiro", justifica Francisco Davi Peixoto, 50, que trabalhou na mina do Bonito bem antes dela ser explorada pela Mhag, e hoje vive da pesca.

Segundo Pio Sacchi, presidente da mineradora, o ritmo pode ser retomado em 2012, quando a empresa espera erguer uma nova 'planta' e transformar o ferro bruto em pó e não em brita, como era feito até 2007. A cidade espera. Os trabalhadores não mais. Muitos deixaram o Rio Grande do Norte. Como em revoada, foram para Minas Gerais, Belo Horizonte, Bahia, Rio Grande do Sul - estados onde a Toniolo, empresa que presta serviços para a Mhag,  realiza obras. Outros partiram, no rastro da mineração. Restaram alguns. 

Ítalo Renner de Medeiros Saldanha, 24, permaneceu em Jucurutu, município onde nasceu. Depois de ser dispensado (e de se recuperar de um acidente automobilístico), conseguiu emprego de vendedor numa loja de móveis. "Dizem que a mina vai voltar a produzir. Isso deve demorar mais um ou dois anos. Não dava para esperar por um emprego", diz o jovem que precisava pagar a pensão alimentícia da filha para não ir para cadeia. Outros não tiveram a mesma sorte e hoje trabalham no que aparecer.

Walter Vicente da Silva, 34, é um deles. Foi praticamente o último a ser dispensado. E praticamente o último a ser admitido em outra empresa. Passou quase três anos parado. "Depois que saí, não arrumei mais nada. Coloquei currículo na Toniolo. Eles disseram que iam chamar. Mas até agora nada". Walter cursava a 5ª série quando abandonou a sala de aula. A falta de um diploma tem reduzido as chances de conseguir um novo trabalho. Ele sabe disso. Walter está trabalhando num quiosque há pouco mais de três semanas. Esse será seu primeiro salário depois que saiu da Mhag.

Dos oito irmãos, três trabalharam na mina de ferro. Dois permanecem, como vigilantes. Por enquanto, eles não têm muito que vigiar. Quase ninguém tem permissão para entrar na mina. Nem os turistas que vem em busca da imagem da revista. O silêncio quase 'fotográfico' incomoda João Batista Felipe da Silva, 38, o 'preto', auxiliar de 'sondagem', que tira as férias de um vigilante. "A hora passa devagar. Parece que o tempo parou".

Paralisação causou problema social, diz consultor

Alcimar de Almeida Silva, consultor fiscal e tributário da Prefeitura de Jucurutu, levou o assunto para a Assembléia Legislativa, no início do mês. Durante audiência que debateu as soluções da mineração no Rio Grande do Norte, fez questão de ressaltar os problemas. Segundo ele, a paralisação, mesmo que temporária, da mina gerou um problema econômico e social.  Para estimular a produção, ele explica que a Prefeitura chegou a reduzir o ISS, imposto cobrado sobre os serviços, de 5% para 2%, para empresas que prestassem serviços à Mhag. O retorno viria na forma de divisas e empregos. Mas sem produção, não há nem uma nem outra. "Dizem que Jucurutu, maior produtor de ferro no estado, está nadando em dinheiro. Mas o município não está. A população está ociosa. Sem emprego. Um encarte publicado na revista Exame mostra a mina em plena atividade, mas ela está parada desde 2007", esbravejou Alcimar de Almeida ao assumir o microfone. 

O discurso, mais apoiado na emoção do que em números, conseguiu sensibilizar Sérgio Dâmaso, superintendente nacional do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral, que participou da audiência pública na Assembléia Legislativa. "Vamos verificar se o município está sendo prejudicado", comprometeu-se Dâmaso. O prefeito de Jucurutu, Júnior Queiroz, que nos atende por telefone, assume um tom mais diplomático que o de Alcimar e evita falar dos prejuízos. A economia de Jucurutu, que encontrou na mineração um braço forte, se sustenta hoje com o comércio, agropecuária e uma pequena indústria de confecções. "Espero que a mina reabra o mais rápido possível, porque isso nos trará divisas e empregos", diz Júnior Queiroz.

"O esforço para a retomada é grande. Só falta o dinheiro"

Andrielle Mendes - Repórter de Economia

O tempo parou. Tudo ficou
preto e branco de repente como numa fotografia antiga pendurada num 
restaurante de beira de estrada. Onde se via quase 450 homens 
trabalhando, mal se avista 20. A Mhag, empresa que explora a mina do 
Bonito, em Jucurutu, começou a reduzir a produção em 2007 até  cessar. 
Não sai um grama de ferro da jazida há mais de três anos. A imagem, 
registrada na última quarta-feira pela equipe de reportagem, destoa da 
publicada em agosto na revista Exame. A publicação mostrava uma mina em 
plena atividade. E em cores. 

Entre 2005 e 2006, centenas de 
homens instalaram-se em Jucurutu, seguindo o rastro da mineração. A 
maioria era especialista na área e vinha de longe. Quem trabalhou na 
mina estima que 40% dos funcionários eram de fora. De uma hora para 
outra, o município ganhou hotéis, pousadas, lojas e restaurantes. As 
ruas, antes povoadas por motociclistas sem capacete, começaram a sentir o
peso das 40 carretas carregadas de ferro que partiam de Jucurutu em 
direção ao Ceará, de onde o ferro seguia em vagões para o porto de 
Suape, em Pernambuco. 

"Sem a mina, a cidade estagnou", diz Fábia
Verônica Pereira de Medeiros, 31, que abriu dois restaurantes em função
da produção de ferro - um deles dentro da área explorada pela Mhag. Os 
restaurantes hoje ficam desertos mesmo em horários de 'pico' como café 
da manhã e almoço. Sem uma indústria forte, Jucurutu espera que o motor 
de sua economia seja religado o mais rápido possível. "Um lugar onde não
tem emprego não corre dinheiro", justifica Francisco Davi Peixoto, 50, 
que trabalhou na mina do Bonito bem antes dela ser explorada pela Mhag, e
hoje vive da pesca.

Segundo Pio Sacchi, presidente da 
mineradora, o ritmo pode ser retomado em 2012, quando a empresa espera 
erguer uma nova 'planta' e transformar o ferro bruto em pó e não em 
brita, como era feito até 2007. A cidade espera. Os trabalhadores não 
mais. Muitos deixaram o Rio Grande do Norte. Como em revoada, foram para
Minas Gerais, Belo Horizonte, Bahia, Rio Grande do Sul - estados onde a
Toniolo, empresa que presta serviços para a Mhag,  realiza obras. 
Outros partiram, no rastro da mineração. Restaram alguns. 

Ítalo 
Renner de Medeiros Saldanha, 24, permaneceu em Jucurutu, município onde 
nasceu. Depois de ser dispensado (e de se recuperar de um acidente 
automobilístico), conseguiu emprego de vendedor numa loja de móveis. 
"Dizem que a mina vai voltar a produzir. Isso deve demorar mais um ou 
dois anos. Não dava para esperar por um emprego", diz o jovem que 
precisava pagar a pensão alimentícia da filha para não ir para cadeia. 
Outros não tiveram a mesma sorte e hoje trabalham no que aparecer.

Walter
Vicente da Silva, 34, é um deles. Foi praticamente o último a ser 
dispensado. E praticamente o último a ser admitido em outra empresa. 
Passou quase três anos parado. "Depois que saí, não arrumei mais nada. 
Coloquei currículo na Toniolo. Eles disseram que iam chamar. Mas até 
agora nada". Walter cursava a 5ª série quando abandonou a sala de aula. A
falta de um diploma tem reduzido as chances de conseguir um novo 
trabalho. Ele sabe disso. Walter está trabalhando num quiosque há pouco 
mais de três semanas. Esse será seu primeiro salário depois que saiu da 
Mhag.

Dos oito irmãos, três trabalharam na mina de ferro. Dois 
permanecem, como vigilantes. Por enquanto, eles não têm muito que 
vigiar. Quase ninguém tem permissão para entrar na mina. Nem os turistas
que vem em busca da imagem da revista. O silêncio quase 'fotográfico' 
incomoda João Batista Felipe da Silva, 38, o 'preto', auxiliar de 
'sondagem', que tira as férias de um vigilante. "A hora passa devagar. 
Parece que o tempo parou".

Paralisação causou problema social, diz consultor

Alcimar
de Almeida Silva, consultor fiscal e tributário da Prefeitura de 
Jucurutu, levou o assunto para a Assembléia Legislativa, no início do 
mês. Durante audiência que debateu as soluções da mineração no Rio 
Grande do Norte, fez questão de ressaltar os problemas. Segundo ele, a 
paralisação, mesmo que temporária, da mina gerou um problema econômico e
social.  Para estimular a produção, ele explica que a Prefeitura chegou
a reduzir o ISS, imposto cobrado sobre os serviços, de 5% para 2%, para
empresas que prestassem serviços à Mhag. O retorno viria na forma de 
divisas e empregos. Mas sem produção, não há nem uma nem outra. "Dizem 
que Jucurutu, maior produtor de ferro no estado, está nadando em 
dinheiro. Mas o município não está. A população está ociosa. Sem 
emprego. Um encarte publicado na revista Exame mostra a mina em plena 
atividade, mas ela está parada desde 2007", esbravejou Alcimar de 
Almeida ao assumir o microfone. 

O discurso, mais apoiado na 
emoção do que em números, conseguiu sensibilizar Sérgio Dâmaso, 
superintendente nacional do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral, 
que participou da audiência pública na Assembléia Legislativa. "Vamos 
verificar se o município está sendo prejudicado", comprometeu-se Dâmaso.
O prefeito de Jucurutu, Júnior Queiroz, que nos atende por telefone, 
assume um tom mais diplomático que o de Alcimar e evita falar dos 
prejuízos. A economia de Jucurutu, que encontrou na mineração um braço 
forte, se sustenta hoje com o comércio, agropecuária e uma pequena 
indústria de confecções. "Espero que a mina reabra o mais rápido 
possível, porque isso nos trará divisas e empregos", diz Júnior Queiroz.

"O esforço para a retomada é grande. Só falta o dinheiro"

A
Mhag Serviços e Mineração, empresa que conquistou o direito de explorar
a mina do Bonito, em Jucurutu, espera voltar a produzir ferro em 2012. 
Parada há quase três anos, a mineradora quer aumentar a produção em 
200%, passando de 400 mil toneladas para 1,2 milhão de toneladas por 
ano, num primeiro momento. O volume já tem comprador certo: a China, 
ávida por crescimento. Falta só o dinheiro para construir uma nova 
'planta' e retomar a atividade. Com a saída da Steel, que pretendia 
virar sócia no negócio, a  empresa voltou a bater na porta dos 
principais bancos públicos e privados, nacionais e internacionais, em 
busca de R$140 milhões - recurso necessário para tirar o novo projeto do
papel. Na lista de projetos da empresa para a região também figuram um 
mineroduto para escoar o minério e um porto graneleiro, capaz de 
movimentar grandes volumes, em Macau ou na região do Porto do Mangue. As
obras custariam cerca de R$600 milhões. Pio Sacchi, diretor-presidente 
da Mhag, esclarece que a empresa nunca deixou de investir na região. "Os
acionistas investiram R$100 milhões só em sondagem nos últimos anos". O
investimento rendeu à empresa 400 milhões de toneladas de ferro 
'certificadas' no Rio Grande do Norte.

Quando a mina volta a produzir?

Na
realidade, eu não sei quando a mina volta a produzir. Hoje estou 
dependendo de financiamentos para retomar a área de mineração. 

A empresa precisa de quanto?

Precisa de cerca de R$140 milhões para concluir todo o projeto.

A Mhag busca financiamento há quanto tempo?

Nós
demos uma parada na busca de investimentos, porque  tínhamos um 
investidor estratégico. Ficamos praticamente um ano e meio parados. Este
investidor não conseguiu alavancar os recursos necessários. Saiu fora 
do processo e há três meses retomamos a busca por novos recursos. 

Este sócio seria a Steel?

A Steel mesmo. 

Lembro
de uma resposta muito enfática que o senhor deu à Tribuna, dizendo que 
tudo continuava do mesmo jeito na Mhag. É isso mesmo?

Voltamos ao 'status quo' que tínhamos há um ano e meio.

Quando esses financiamentos poderão sair? Como está a negociação com os bancos?

A
negociação está caminhando, mas a gente nunca pode afirmar quando o 
recurso será liberado. A nossa expectativa é que dentro de seis meses já
tenha algo definido para retomar as atividades. A partir da liberação 
do recurso, em oito meses a gente inicia a produção.

Relatório publicado pela própria empresa afirma que a produção será retomada em 2012. O prazo permanece?

Se
o recurso for liberado dentro de seis meses, voltaremos a a produzir no
final de 2012. É um somatório de 'time'. Seis meses para receber o 
recurso mais oito meses para implantação. 

Você se refere a construção de uma nova 'planta' na mina?

Isso.
Essa nova planta vai permitir que produzamos minério com uma 
concentração de ferro alta - em torno de 66% - exigência do mercado e 
que alcancemos a marca de 1,2 milhão de toneladas por ano (100 mil 
toneladas por mês).

Antes vocês estavam produzindo quanto?

Produzíamos
30 mil toneladas por mês, o que dá quase 400 mil toneladas no ano.  
Estávamos produzindo pouco. Então nós resolvemos parar. Dar um 'upgrade'
para conseguir economicidade.

Que impacto este salto na produção tem?

Neste mercado você tem que competir com grandes volumes. Se não, não consegue permanecer no mercado. 

Voltando
a falar na concentração de ferro. A empresa sabia que o teor do minério
encontrado na jazida era baixo e que precisaria ser beneficiado com a 
construção de uma nova planta?

Já sabíamos. Todas as ocorrências 
minerais aqui no Rio Grande do Norte, em grandes volumes, são de baixo 
teor. São minérios 'pobres' que você tem que concentrar (beneficiar) 
para vender.

Ouvi dizer que vocês produziam ferro britado e agora
vão ter que produzir ferro em pó. Por isso essa nova planta é 
necessária. Esta informação procede?

No RN, há algumas 
ocorrências de minérios 'ricos', que não precisam ser concentrados. Você
brita este minério, lava e pode exportar. Quando o minério é pobre, 
você precisa concentrá-lo. Essa é a função desta nova planta.

Que custos esta alteração traz para a empresa? 

Há um incremento de custo muito grande pelo fato de ter de concentrar o minério.

Requer um investimento alto?

Requer um investimento total de R$200 milhões. 

R$200 milhões além dos R$140 milhões que vocês buscam?

Não. Nós já investimos R$60 milhões e precisamos de mais R$140 milhões. 

Essa
mudança traz alguma implicação para a logística? (Antes carretas 
transportavam o ferro britado até o Ceará, de lá o ferro seguia para 
Pernambuco em vagões, e partia para a China através do porto de Suape). 
Me disseram que as carretas não poderiam atravessar a cidade carregadas 
de 'pó' de ferro. Isto procede?

Não. Nosso produto sai 'enlonado' e vistoriado da mina. 

A população teme que o pó afete a saúde...

O minério de ferro é pesado. Mesmo que não seguisse enlonado não teria problema. 

A mina está parada há quase 3 anos. O que a Mhag fez durante este tempo?

Nós
nunca paramos de prospectar minério. Continuamos prospectando, 
inclusive, em Jucurutu, para certificação de reservas. Só em Jucurutu, a
Mhag já tem 240 milhões de toneladas certificadas. Também temos mais de
160 milhões de toneladas certificadas no bloco de Cruzeta, que abrange 
Cruzeta, Jucurutu, Florânia e Caicó. Hoje temos 400 milhões de toneladas
de ferro certificadas no Rio Grande do Norte. Temos pesquisas em outras
áreas e em outros estados, como Ceará, Piauí, Pernambuco. 

Na lista de projetos da Mhag, figuram o mineroduto, que escoará o minério do Seridó, e o porto graneleiro. Em que pé  estão?

Essa
é a segunda fase do projeto da Mhag para aquela região. A primeira é a 
ampliação da planta. A segunda fase prevê um incremento na nova planta, 
que vai elevar a produção para 4 milhões de toneladas por ano, a 
construção do porto graneleiro e do mineroduto. Na construção desta 
planta, vamos empregar diretamente entre 500 e 600 pessoas. O número de 
empregos gerados, entre diretos e indiretos, chegará a 2.000. Na fase de
operação da nova planta, incluindo administração e  logística, vamos 
empregar 650 diretamente.

Tudo isso porque o Estado carece de uma boa infraestrutura que permita o escoamento da produção?

Para exportar grandes volumes, você precisa de boas condições de logística. 

O que dizer da nossa infraestrutura?

Discutir
infraestrutura é entrar numa seara complicada. Quando o estado tem uma 
infraestrutura que facilite o escoamento da produção, ele  consegue 
atrair muitos investimentos. A infraestrutura que temos no Rio Grande do
Norte é bastante, digamos assim, modesta, no que concerne ao transporte
de grandes volumes. Se eu não tiver um canal de escoamento quando 
concluir a nova planta, escoar o minério ficará muito complicado. 

Exportar por Suape e não por Natal onera os custos com logística?

Sim.
O problema é que o Porto de Natal, apesar das remodelações, comporta 
navios entre 40 e 45 mil toneladas. Para ser competitivo a longo prazo, 
você não pode exportar em navios com esta capacidade. Tem que 
transportar em navios acima de 75 mil toneladas, que é o que estamos 
fazendo em Suape. Sei que existem projetos para o Porto de Natal. Mas 
imagine 100 carretas entrando e saindo do Porto de Natal todos os dias, 
quantidade necessária se eu fosse exportar minério de ferro pelo Porto 
de Natal. Não seria possível. 

É por isso que construir um mineroduto e um porto graneleiro compensa...

Com certeza. O investimento na nova planta, no mineroduto e no porto graneleiro deve chegar a US$600 milhões. 

A Mhag já solicitou as licenças para a construção do mineroduto e do porto?

Ainda não. É preciso concluir os estudos econômicos primeiro. 

Jucurutu anseia pela retomada das atividades. O que dizer para a cidade?

O
recado é muito simples. Se não acreditássemos neste projeto, não 
estaríamos realizando investimentos. Estamos continuamento aplicando 
recursos na região. O esforço para retomar a atividade tem sido grande. 
Os acionistas acreditam na mina, se não não estariam liberando mais 
dinheiro. Tudo tem um custo. Manter toda aquela estrutura custa muito 
dinheiro. Acreditamos que realmente este projeto será concretizado em 
breve. 

O crescimento do comércio em Jucurutu, segundo alguns comerciantes, é fruto da abertura da mina. O senhor concorda?

Jucurutu
hoje é outra cidade. Quando a Mhag chegou só havia uma pousada. Hoje 
tem hotel, pousadas, restaurantes, lojas de eletrodomésticos e móveis. A
gente sabe que com o fechamento da mina o comércio caiu. 

Com a saída da Steel, a Mhag sonda outros parceiros?

Estamos
buscando investimentos. Não estamos buscando novos sócios.  Nossos 
acionistas já investiram muito. Só em sondagem investiram R$100 milhões 
desde que começamos a produzir. 

A desistência da Steel deixou a Mhag com um pé atrás em relação a novos sócios?

Não.
Eles eram investidores estratégicos que iam entrar na empresa como 
acionistas. E por problemas que não vem ao caso saíram fora.  

Em
uma audiência pública, que discutiu os problemas da mineração no 
estado, foi dito que a Mhag havia explorado a jazida sem as licenças 
necessárias. O que dizer?

Não, não. Não houve nada ilegal. A Mhag
foi muito visada em todos os seus procedimentos, trabalhistas, fiscais,
ambientais, tributários. Hoje está com todas as licenças ativas e 
permanentes. Só falta o dinheiro. 

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